Energia Solar Fotovoltaica: Perspectivas para 2024

No horizonte de 2024, as perspectivas para o mercado de energia solar no Brasil se revelam promissoras, carregando consigo um otimismo fundamentado em dados e projeções concretas, afinal o país está cada vez mais próximo de se tornar um grande líder mundial no setor fotovoltaico. De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), o Brasil está entre os dez maiores geradores de energia solar.

Vamos aprofundar e detalhar as nuances desse cenário, considerando tanto os avanços já conquistados quanto os desafios que demandam atenção estratégica.

I. Crescimento Expressivo da Energia Solar no Brasil

No início de 2024, o Brasil consolida sua posição de destaque global no setor fotovoltaico, ultrapassando 37 gigawatts (GW) de potência instalada. Este marco representa uma conquista significativa, abrangendo tanto grandes usinas solares quanto sistemas de geração distribuída em telhados, fachadas e pequenos terrenos. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) destaca que essa capacidade já corresponde a 16,3% da matriz elétrica nacional.

 

O investimento acumulado desde 2012 supera expressivos R$ 179,5 bilhões, gerando um impacto econômico positivo, com cerca de R$ 11,7 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e a criação de mais de 1,1 milhão de empregos. Além disso, a energia solar contribui significativamente para a redução das emissões de CO2, evitando a liberação de 45,2 milhões de toneladas na geração de eletricidade.

II. Desafios e Oportunidades para 2024

Apesar do progresso evidente, o setor solar enfrenta desafios que demandam atenção e ação estratégica em 2024. Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, destaca a importância crucial da regulamentação, especificamente focando no artigo 73 da Resolução 1.000 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Este artigo trata da inversão de fluxo na geração distribuída, um ponto crítico que afeta o acesso ao crédito e, consequentemente, o crescimento do setor.

A questão dos juros elevados no país também se configura como um desafio. Sauaia ressalta que a redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,25%, pode ser um catalisador para baratear o custo de crédito e capital, fundamentais para o desenvolvimento do setor. Aumentos tarifários, por outro lado, podem se tornar uma oportunidade, levando consumidores a buscar soluções mais acessíveis e sustentáveis.

O mercado livre de energia, que se tornará plenamente acessível a consumidores de alta tensão em 2024, abre novas perspectivas de negociação direta entre consumidores e fornecedores, impulsionando uma diversificação nos perfis de projetos.

III. A Visão de Especialistas sobre 2024

O otimismo para 2024 é compartilhado por especialistas do setor, que analisam diversas facetas do cenário.

 

– Mário Viana, diretor comercial e de marketing da Sou Energy, destaca a retomada do crédito pelos bancos para o consumidor final. Ele antevê 2024 como o melhor ano para o setor, atribuindo isso à profissionalização e à eficiência crescente do mercado.

“O susto da mudança de governo já passou e os bancos estão começando voltar a dar crédito para o consumidor final. Penso que 2024 será o melhor ano da solar no Brasil,pois o mercado está mais profissionalizado e mais enxuto agora”, destacou.

 

– Luiz Scagnolato, CEO da TenBrasil, vislumbra um cenário positivo com muitas usinas de investimento em construção. Ele aponta para a existência de projetos na geração distribuída até a metade de 2024, alimentando o volume de vendas.

 

“Entretanto, temos uma boa expectativa para o ano que vem com muitas usinas de investimento sendo construídas. Há ainda muitos projetos que o pessoal está correndo contra o tempo por causa da própria data de homologação, contratos de CUSD (Contrato do Uso do Sistema de Distribuição) já assinados. Então, vemos que até a metade de 2024 haverá ainda projetos na GD 1 que vão alimentar esse volume de vendas”, frisou.

Em relação ao retorno sobre o investimento, payback, destaca-se aa importância dos juros baixos e valores competitivos dos painéis solares.

“O retorno de investimento muitas vezes continua o mesmo que a gente tinha anteriormente, quando os preços estavam mais altos e os juros mais baixos. Agora inverteu a equação. Então, o payback continua o mesmo e estamos conseguindo melhorar a questão da venda em si. Vemos que alguns setores estão bem aquecidos e estamos focando nisso”, enfatizou.

 

– Gustavo Tegon, diretor institucional da BelEnergy, enfatiza a necessidade de uma postura mais aberta à conciliação entre os agentes do mercado nos próximos anos, criando um ambiente seguro para o desenvolvimento do setor e beneficiando os consumidores.

Conclusão: Rumo a um Futuro Energético Sustentável

O ano de 2024 se configura como um capítulo crucial na trajetória do Brasil em direção a uma matriz energética mais sustentável. Os avanços tecnológicos, a queda nos preços dos equipamentos solares e a regulamentação eficiente se apresentam como fatores impulsionadores. À medida que o Brasil solidifica sua posição como líder global no setor solar, as perspectivas brilhantes não apenas indicam um futuro mais verde, mas também apontam para a resiliência e a sustentabilidade do setor de energia solar no país. O caminho está traçado, e a energia solar se posiciona como protagonista na construção de um futuro energético mais promissor e alinhado com as demandas da sustentabilidade global.

 

Confira a entrevista completa do CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia ao site do Confea – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia:

 

Site do Confea: Quais as principais novidades tecnológicas que o setor de energia solar apresenta no cenário atual e promete para os próximos meses?

 

Rodrigo Sauaia: A energia solar fotovoltaica é uma tecnologia muito versátil. Hoje a gente vê muitas aplicações em bens de consumo como power bank, mochila, barraca, guarda-sol e cooler em que você capta o sol e guarda a energia em uma bateria para carregar celular ou caixa de som. Você tem também barco, carrinho de golfe e ônibus, além de avião. Há experiências avançadas com protótipo de carro 100% movido a energia solar. Tem até vestimenta com células fotovoltaicas flexíveis, e são diversos os materiais construtivos que podem substituir os tradicionais. Uma fachada de mármore ou granito é bonita, mas é cara e não produz nada. Agora, com uma fachada de módulo fotovoltaico, a edificação ganha a aparência futurista e a funcionalidade de produzir energia elétrica.

 

Site do Confea: Esse tipo de tecnologia tem sido aplicado em outros setores e atividades produtivas?

Rodrigo Sauaia: Sim, a agrovoltaica, por exemplo, é a combinação de energia solar com uma atividade produtiva no campo, na mesma área. Imagina que você tem uma criação de ovelhas ou uma produção de cana-de-açúcar coberta por sistema fotovoltaico suspenso, com altura capaz de permitir inclusive a passagem de tratores e colheitadeiras. Outro exemplo é a solar fotovoltaica flutuante. Em vez de você usar uma área de terreno, você aproveita uma área em barragem, açude, lago ou até no mar. Este modelo é interessante, do ponto de vista ambiental, porque ajuda a reduzir a evaporação da água em até 70%.

 

 

Site do Confea: Quais as oportunidades para os profissionais que pretendem trabalhar neste segmento?

Rodrigo Sauaia: O Brasil está entre os dez maiores mercados de energia solar do mundo e, por conta disso, temos inúmeras oportunidades para quem trabalha com engenharia porque é fundamental dizer que os sistemas fotovoltaicos precisam ser projetados por engenheiros eletricistas credenciados junto ao Sistema Confea/Crea e com Anotação de Responsabilidade Técnica, a ART. As empresas que atuam junto ao setor também precisam estar registradas porque estamos falando de geração de energia elétrica, uma tecnologia que demanda conhecimento especializado e requer segurança. Também é muito comum que engenheiros civis, que trabalham com a parte estrutural de edificações, participem do processo de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, avaliando a capacidade dos telhados de sustentar o peso do sistema. Além disso, a fase de obra civil, na preparação do terreno e fixação de estruturas de suporte, demanda engenheiros civis, mecânicos e eletricistas. Engenheiros químicos trabalham muito na parte de desenvolvimento, pesquisa e inovação. As engenharias de energia e de materiais também têm sinergia com o setor. Já a meteorologia é parceira das fontes renováveis do ponto de vista preditivo. Com apoio de softwares, modelos matemáticos e medições em campo, é possível fazer previsões de disponibilidade do recurso solar, identificar regiões que têm maior potencial para tecnologia e gerenciar essa energia produzida de forma mais eficiente e estratégica. Na área geológica, é importante dizer que todas essas tecnologias utilizam minérios em equipamentos geradores de energia limpa e renovável. Lembrando ainda que existe espaço para aprimoramento desses processos produtivos de extração e processamento desses minérios para torná-los mais sustentáveis, com menos uso de água e menor geração de rejeitos, em alinhamento com esse esforço de construir uma sociedade cada vez mais sustentável.

 

 

Site do Confea: Quais dicas você daria a um profissional que está pensando em apostar na carreira dentro da área fotovoltaica? Como ele pode se preparar da melhor forma para deslanchar neste segmento tão tecnológico e promissor, com viés ambiental e que demanda excelência?

Rodrigo Sauaia:O profissional precisa estar em constante evolução, em processo de aprendizado contínuo. Muitos desses conhecimentos de vanguarda ainda não estão incorporados aos cursos tradicionais de engenharia, então é importante que esse profissional busque formações complementares, seja por meio de uma pós-graduação, mestrado, doutorado ou cursos focados naquele segmento em que ele quer atuar. Além disso, temos visto a integração das tecnologias digitais e tecnologias da informação cada vez maior. Então, é essencial que esse profissional busque se familiarizar com os programas de computador e as novas tecnologias que são aplicadas especificamente no mercado em que ele tem interesse de atuar. É importante dialogar com as empresas e conhecer as vagas de mercado disponíveis, até para que ele possa se planejar e atender aos requisitos. Caso o profissional queira empreender, é fundamental complementar o conhecimento técnico com formação nas áreas gerencial, administrativa e financeira. E para se diferenciar no mercado, é interessante buscar certificação profissional ou para sua empresa.

 

 

Site do Confea: E para quem tem a oportunidade de fazer intercâmbio, quais países oferecem as melhores opções de especialização?

Rodrigo Sauaia: Existem vários mercados que são interessantes, como o europeu que utiliza muito a energia solar e tem centros de pesquisa e universidades com muita reputação. Na Alemanha, há o Instituto Fraunhofer; na França, temos o Instituto Nacional de Energia Solar; na Espanha, a Universidade Politécnica de Madrid. Já nos Estados Unidos, há o National Renewable Energy Laboratory. Além disso, a Austrália é um país que historicamente teve papel relevante na pesquisa, desenvolvimento e inovação por meio de instituições como a University of New South Wales e a Australian National University. Entre as grandes potências asiáticas, estão o Japão que investe em pesquisa e a China que é o maior mercado e mais produz patentes de energia solar e tem quebrado recordes mundiais de eficiência de células fotovoltaicas. Já a Índia tem recebido investimentos governamentais robustos e tem muita oportunidade para desenvolvimento de infraestrutura.

Site do Confea: Por último, quais as prioridades da Absolar na articulação junto ao governo para fazer com que as políticas públicas da área prosperem e o setor siga avançando?

 

Rodrigo Sauaia: A Absolar tem hoje um conjunto de sete frentes de trabalho, que chamamos de grupos de trabalho estratégicos, e ainda duas forças-tarefas. Atuamos junto ao governo federal, estados e municípios para ajudar esse setor a continuar se desenvolvendo e crescendo com robustez e abrindo novas oportunidades. No segmento da geração solar distribuída, aquela instalada nos telhados de casas, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, estamos atuando pela implementação da Lei 14.300 de 2022, justamente um resultado do trabalho que fizemos em parceria com o Confea para que houvesse esse marco legal estável, previsível e transparente para o setor e para os consumidores, garantindo o direito do consumidor de gerar e usar a sua própria energia renovável que ele produz localmente. Esse marco legal foi aprovado e agora ele precisa ser bem implementado e existem pontos da lei que estão sendo descumpridos pelo governo federal e pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Nas grandes usinas solares, que a gente chama de geração centralizada solar fotovoltaica, temos atuado especialmente para que o acesso à rede de transmissão aconteça de forma mais célere e eficiente. Quanto ao tema armazenamento de energia elétrica em baterias, temos trabalhado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica pela construção de uma regulamentação para o uso dessas baterias no Brasil. Esse é um passo fundamental para trazer segurança jurídica para os consumidores, e para os investidores adotarem essa tecnologia. Junto ao governo federal, temos atuado para reduzir a carga tributária porque os impostos dessas baterias chegam a 85%. É um absurdo. É mais imposto do que para tabaco e bebida alcoólica. Esses impostos exorbitantes inviabilizam várias aplicações da tecnologia. Por isso, a nossa recomendação ao governo é para que equipare a carga tributária das baterias à de energias renováveis. Se ele fizer essa redução para o mesmo nível das fontes renováveis, a gente vai criar novas aplicações e oportunidades de mercado para essas baterias.

 

Fonte da entrevista: confea.org.br / Jornalista: Julianna Curado / Equipe de Comunicação do Confea, com informações da Absolar

(11) 2677-3814

Real Facilities
Engenharia

@realfacilities

(11) 2677-3814

contato@realfacilities.com.br

plugins premium WordPress